Chás que você deveria tomar todos os dias


Se você tomar a palavra ao pé da letra, tem pouco chá disponível por aí. No sentido estrito da palavra, chá é só o que se origina das folhas da planta Camellia sinensis (que inicialmente recebeu o nome de Thea sinensis), mais conhecida como chá-preto, mas que também dá origem ao chá-branco, chá-verde, chá-amarelo e chá-vermelho. Todas essas bebidas são originárias do mesmo vegetal. “A coleta em momentos diferentes e o tipo de secagem das folhas fazem a diferença entre elas”, explica o infectologista especializado em fitoterapia Alexandre Botsaris, autor do livro Medicina ecológica (Nova Era). “O chá-preto e o oolong são submetidos a um processo de fermentação, sendo que a do segundo é mais rápida. O chá-branco é feito com as folhas mais jovens e o amarelo, colhidas um pouco mais tardiamente e submetidas a uma secagem lenta para ficar dessa cor”, conta Botsaris. Conta a lenda que o processo de obtenção do chá-amarelo foi desenvolvido há milhares de anos para ser usado exclusivamente pelos imperadores chineses, já que o amarelo era a cor oficial daquele império.

Mas seria preciosismo demais tirar o status de chá do mate, da camomila, do hibisco. A rigor, eles deveriam ser chamados de infusão, um processo pelo meio do qual se usa a água fervente para extrair das folhas seus princípios benéficos para a saúde e para o paladar. Infusão ou chá, não importa o nome, o que interessa é o que cada um faz. “Se o objetivo for melhorar alguma questão de saúde, o chá deve ser tomado por 30 a 120 dias, pelo menos três vezes ao dia”, aconselha o fitoterapeuta André Resende, de São Paulo, autor do livro O poder das ervas – vida natural (Ibrasa).

Consumir hoje e sempre
Um ponto importante é a regularidade. A maior parte dos chás precisa ser consumida todos os dias para que seus efeitos possam ser percebidos. Foi isso o que demonstrou um estudo publicado pelo jornal acadêmico Phytotherapy Research, dos Estados Unidos. A pesquisa foi realizada na universidade americana de Newcastle e mostrou que o consumo diário de chá-verde ou preto inibe a produção de enzimas cérebrais associadas à perda de memória. Mas o estudo é claro: parou de beber, os benefícios cessam.

Os efeitos terapêuticos de muitos chás são comprovados cientificamente. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta o uso com fins terapêuticos por meio de uma resolução de 2005. “A Anvisa fez uma portaria com várias plantas e frutas que podem ser comercializada e ingeridas na forma de chá e que são reconhecidas pela medicina tradicional brasileira”, diz Alex Botsaris. O chá, ou infusão, é uma das principais formas de administrar fitoterápicos. “Esse método de administração traz o benefício extra do sabor”, diz a nutricionista e fitoterapeuta Vanderli Marchiori, da VM consultoria nutricional, em São Paulo.

“É um estímulo neurológico a mais que aumenta o bem-estar”, completa. Não é difícil entender o porquê. O que é mais agradável de tomar: um chazinho ou uma pílula?

Hora marcada
Não existe um momento certo do dia para beber chá. Se for pelo prazer, toda hora é hora. Já para conseguir algum benefício, isso pode variar. Pela manhã, o chá-preto é mais aconselhável porque estimula a produção dos neurotransmissores cerebrais que nos dão energia. Depois das refeições, chá-verde ajuda na digestão e é diurético. Sem preconceito, chá pode ser tomado até durante as refeições. E não estamos falando aqui daquelas versões engarrafadas de ice tea. “Alguns tipos de chá escuro, como o Lopsang Souchong, são ótimos para acompanhar pratos salgados e mais gordurosos, como sanduíche de salmão e cream cheese no pão preto. Esse é um exótico chá chinês, aromatizado e defumado”, explica Paula Simonsen, especialista em chá de São Paulo. Conheça os benefícios de vários tipos de chás e faça um brinde à chegada das baixas temperaturas.

O modo de preparo perfeito
A especialista nessa bebida, Paula simonsen, explica o passo a passo para o preparo adequado da bebida. Confira:
1. Encha um infusor com o chá de sua escolha (a medida é uma colher de chá por xícara) e coloque dentro de um bule, de preferência de porcelana. O metal pode alterar o gosto.
2. Esquente água mineral na chaleira, sem deixar ferver. Quando as primeiras bolinhas começarem a subir, desligue. A temperatura deve ficar em torno de 85°C. O ideal é que, ao tocar a chaleira, sinta que está bem quente, mas sem queimar as mãos. Os chineses dizem que, se não conseguimos tocar uma coisa, ela também não está boa para ser consumida.
3. Jogue a água no bule, sempre em movimentos circulares para permitir a entrada de maior quantidade de oxigênio.
4. Deixe a bebida descansar por 3 a 5 minutos. Para cada tipo de chá há a exigência de espera com tempo diferente.
5. Antes de servir, jogue água quente sobre a xícara para aquecê-la. Assim, é possível manter a temperatura da bebida por mais tempo.

1. Preto
O tipo de fermentação à qual ele é submetido proporciona o aparecimento da teaflavinas, substâncias adstringentes que protegem a mucosa digestiva. “Acredita-se que ele tenha se popularizado porque, graças a sua adstringência, protegia as pessoas das epidemias de cólera e diarreia, tão comuns no passado”, conta AlexandreBotsaris.
Dosagem: três xícaras por dia, por prazo indeterminado

2. Verde
“As teaflavinas garantem um potente efeito antiestresse, sendo um relaxante não sedativo”, explica Vanderli Marchiori. Tem também ação antibacteriana, que ajuda a evitar as cáries. Há estudos mostrando que fitoquímicos presentes nas folhas – e, portanto, no chá – podem desacelerar o crescimento de tumores, principalmente de mama. Melhora a digestão e, por acelerar o metabolismo basal, pode auxiliar na perda de peso.
Dosagem: três a quatro xícaras por dia, por prazo indeterminado

 

Fonte:revistavivasaude.uol.com.br

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